terça-feira, 23 de setembro de 2008

A dança da era

Na manhã, pela tarde se sente esperança 
De tarde é pela noite que se espera
De noite, nenhuma esperança
Pois o universo te espera
E quem espera dança
A ânsia da espera
A era se lança
Se lança e erra
Quem espera a criança
Que diz ser quem foi (e era)
A tarde que a noite finge, se cansa
Na manhã que a noite quietinha, espera
Sem armas, flecha, espada ou lança
Volta ao centro dessa Terra
Que vive a dor, infância
Ao que se espera
A esperança
Se ferra
Ânsia
erra
era
só lembrança...
da distância entre o céu e o centro da Terra!

Desde o dia em fomos felizes para sempre...

Sabe aquele dia em que o ônibus não vêm ou que demora mais do que de custume?
Sabe quando a gente precisa dormir e não consegue, ou quando quer uma noite eterna que acaba em segundos?
Sabe quando o trânsito pára de madrugada ou quando seu carro quebra em um lugar longe de tudo?
Acontece sempre com a gente. Tudo que somos buscamos em tudo o que aprendemos e às vezes em quem escolhemos nos acompanhar. Diversas vezes, aprendemos com o pior. Pior seria se tudo fosse mais fácil, é o que parece. Dificultamos todos os dias as coisas e comparamos com as causalidades antes citadas. Não existem causalidades quando os problemas foram criados.
E hoje, quando acordei, perdi a vontade de ter problemas. Perdi minha calma, meu senso, meu sentido, meu chão. Desiludido e solitário bolei de novo o que queria ser. Destruímos todo dia o que é bonito. Somos seres auto-destrutivos, sedentos por sangue. Mamíferos, somos isso. Queremos sangue, dor. O sofrimento é o eleito para nortear essas situações.
O desespero te preocupa e buscas tua calma, procura ajuda, busco a tal ajuda, corro, fujo, grito, choro, me bato, rebato e no ato finjo não querer a dor. Mas amanhã é outro dia e o que existia "tá" deixando de ser. A beleza das coisas perderam a beleza. Não vibro com sucessos sucessivos. Não comemoro com lucros abusivos.
Me sinto pesado. Toneladas acima da cabeça, ando curvado. Sinto-me melhor do que já fui um dia, mas preocupado. Preocupado com àquela dor, aquele jeito, a pele. É a continuidade que nos leva (seres humanos) todo dia ao que cavamos. Cavará e saberá que sofrerá. Logo, em breve.
Não obstante, busquei ajudar. Vi a luz no fim do túnel, juro que vi. Vi teu olho transbordando emoção novamente, e vi o céu. O mesmo que caiu. O mesmo que por pouco me assustou, "tanto assim" me preocupou e mais que tudo me desesperou. Voltar de onde vieste era a única solução racional. Haviam outras, houve mais. Ouvi da tua boca. Nem sou capaz de voar, nem de me teletransportar. Depois as palavras loucas, o descompasso. Em dissonantes frases, nasceu o equilíbrio. Aquele que sempre teves e sempre terá.
Sabe aquele dia em que a gente só que ouvir coisas boas?
Daqui pra frente vai ser tudo assim. Vamos virar gente e não mais que de repente, seremos quem somos, do jeito que fomos, como sempre tememos. Grandes, seremos grandes. Veremos grande. E belos, e sonhadores... e mais nada.
Como no dia em que o céu abençoou , e eu buscava aquela benção.
Desde o dia em que fomos felizes para sempre.

domingo, 21 de setembro de 2008

Sapeca e Infantil (ou a nova tríade sagrada)

O seu sagrado segundo era a força de séculos. A voz que ouvia não parecia real. Lembrava os devaneios maníacos dos antigos, lembrava a modernidade do novo mundo. A voz permanecia aos gritos informando verdades, novas vertentes. A voz que ecoava nos céus buscava todos os corações, todos os sentidos. E no sentido puro de sentir, a voz parecia não ter som. Era emitida em vibrações que ecoavam de forma agressiva no peito de quem sentiu. Pessoas se debatiam com o poder da mensagem vibrante. Em momentos singulares, lembrava os famosos ditadores. Em outros, ao que conhecemos como "Voz de Deus". Em outros ainda, parecia bronca de mãe, mas houve outros instantes que se parecia com um sussurro. Um choro de bebê, uma palavra ao pé do ouvido, um urro desesperado.
Entre tantas dissonâncias, a voz pareceu clara. Uma palavra assemelhou-se com algo audível, no mesmo instante em que o céu se abriu. As nuvens pareciam bailar ao som inaudível da vibrante voz. Passo-a-passo, o descompassado ritmo da dança das nuvens pareceu parar. Ao centro se via o Sol e a Lua, uma ao lado da outra. Cada uma parecia ter um guardião: uma estrela, como as que as crianças desenham em suas recriações artísticas dos céus.
E tudo pareceu um desenho. Um desenho sem sentido. A voz aumentou, as palavras já não eram mais compreendidas, o som do céu vinha das duas estrelas. De cada ponta saiu um risco, que virou rabisco, como se alguém riscasse o céu. De tempo em tempo, se via uma nova forma. Num momento depois, o depois parou. O mundo não se mexeu. As casas foram ficando iguais. Tudo parecia uma colagem do que tudo foi. O silêncio, as novas formas, os novos "layouts". O novo...
Nada era igual ao que antes existiu. E existiam ainda todas as coisas, todos os sentidos. O tudo...

A lua e o Sol se uniram. Surgiu a explosão e as estrelas foram se aproximando do chão. Ao tocarem o solo, os corpos humanos foram desabando. Todos caiam, menos um. Um único menino no meio do fogo, parado no centro da Terra viu sozinho os corpos começando a compor a paisagem. Cada corpo ia redesenhando os detalhes da natureza. Cada árvore cortada pelo homem renascia do corpo de um ser humano. Os prédios virando montanhas. A sujeira virou o que foi e nada mais era sujo. Os rios tinham água pura. Até a camada de ozônio foi tapada com as moléculas de corpos de um "povinho" ali do alto. As duas estrelas, outrora gigantes, agora tinham forma de duas crianças. Os três agora brincavam no quintal do Universo.
O quintal estava mais bonito e fora revisto em detrimento do velho. O novo projeto tinha mais a cara de "Sapeca e Infantil". Era um mundo mais doce, e os seres dominantes eram os macaquinhos, que aliás eram muito mais divertidos que os antigos e egoístas "Homo Sapiens". Um mundo de conto de fadas no lugar do antigo e velho mundo. Sentado no topo da montanha mais alta, a brincadeira recomeça.

sábado, 13 de setembro de 2008

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Por mais uma cachaça (ou a voz de Deus)

Era uma senhora mal tratada e desnutrida. Cabelo mal cortado, quase careca. Com tufos que se espalhavam por toda a extensão do seu coro cabeludo. Sua fama era de louca, com um corpo castigado e um rosto de dar medo. Sozinha gritava com todos os transeuntes que passavam por aquela movimentada avenida na periferia de São Paulo.
Ela tinha motivos para gritar com todos, mas ao sentido puro do grito, era por simples desabafo contínuo. Ela, em forma de gritos, tira o ódio que carrega dentro de si. Urrando assustadoramente descarrega palavrões, infâmias e todo tipo de sujeira que pode ser ouvido pela audição humana.
Certo dia encontrei-me com ela e ouvi de sua boca o primeiro palavrão. Após um "bom dia" que saiu da minha boca, começou contar de sua vida. Me disse que tivera filhos, todos mortos antes dos 20. contou-me que teve marido, hoje um velho louco que vive no centro. Disse que já fora bonita e que tivera a sorte de ter sido feliz algumas vezes, mas que hoje era, em Terra, a voz de Deus. Ele, me dizia ela, ficava bravo com todos os rostos irônicos, satíricos, irritados, desatentos, preconceituosos, ou seja, tudo que o ser humano tem de sujo.
Contou-me isso dentro de uma lotação onde, como sempre, tinha um cobrador e um motorista extremamente mal educados. Depois de me falar sobre a vida, gritava com ambos loucamente. Se debatia e dizia sobre o desrespeito humano, mas de forma bem desrespeitosa. Era engraçado pensar que aquela era a voz de Deus. Era bem plausível que nossa raça havia realmente irritado-o. "Fomos criados a sua imagem e semelhança", ela gritava, "e nós o traímos!".
Acredito que ela tenha razão. Que venha o fim dos tempos e extermine o homem. Ou que me tragam mais uma cerveja gelada pra curar a dor. Ou que as profecias sujas sejam mentirosas, ou que a minha solidão fosse a de todos. Queria ter um bom coração, para ser bom como a correspondente de Deus. Por mais uma cachaça que limpa a alma da impureza do hipócrita mundo limpo.

Ser (des)contente

Enquanto tento outro dia escrever um texto longo, talvez um livro, meu cérebro ainda se limita aos curtos e (des)agradáveis textos. Para o meu (des)prazer, quando se trata de escrever, me agrada a possibilidade de nada regrado, escrevendo cada dia sobre um assunto diferente, com diferentes regras, pontuações. Pontuo meus pensamentos, não o meu texto. A minha vírgula equivocada era o efeito que eu buscava. Meu parágrafo é diferente de outros. Amo a liberdade de escrever como quero. O que não entendo é quando a vontade passa. E comigo isso acontece sempre.
Hoje acordo com vontade de mudar o mundo, até que a vontade passa; entro em depressão com vontade de me destruir, daí a vontade passa. Mas existem vontades que deveriam passar, mas que permancem intactas, indestrutíveis, irrefutáveis. Quais são elas? Perdi a vontade de dizer!
Adoro ver a possibilidade de ver meus defeitos e modos de pensar nas páginas desse caderno de novo. Passei por um tempo robotizando o que escrevo. E percebi que já existia um padrão de textos meus. Não é a linguagem, não é a estética. É que eles se parecem!
Deve ser porque escrevo sobre o que penso com total influência crítica desses pensamentos... Não é incrível???
Mas parece que ultimamente meu cérebro se limita a encontrar problemas. E os encontro em tudo. Me falta o ar a possibilidade da rejeição. Me aperta o peito me sentir como se jamais pudesse ser feliz. E não a felicidade capitalista, a qual me disseram outrora, mas digo a minha paz interior. Algo não influenciada por externalidades, por pessoas, por sentimentos negativos... preciso orar.
Preciso de novo acreditar em algo que me faça acreditar em algo. Quero dispensar meus surtos inconscientes, minhas ilusórias alegrias, meus êxtases imaginários, minhas frustações.
Quero o que sempre quis.
Mas agora, quero de verdade!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A paisagem "não" concreta

Sentem-se ao fundo do trem e embarquem mais uma vez nesse vagão desgovernado que transborda inconsequência e compatibilidade com a falta de esperança. Descontentes, os maquinistas sonham com o vento que bate na face. Entediados, os passageiros querem a emoção de pilotar. Eu queria fazer parte da paisagem da janela. Intacta, imóvel, serena e só faz o bem. Nunca uma paisagem fez mal a alguém. Elas são simples, criadas pelo mundo para enfeitar nossas vidas. Não gosto da missão suja que tem o ser humano de criar novas paisagens, robotizando o natural e "concretizando", do substantivo "concreto", o nosso mundo verde. Ou azul, ou qualquer cor que queiram chamar esse mundo cinza. Pois nada além de cinzas fazem parte do verde que tanto coloriu nossa vida. Mas só o verde, não. O amarelo, o azul, o rosa, o vermelho. As primárias e secundárias se tornam terceiras, de segunda mão, sem primeiras intenções de serem nada. O fato é que de "concreto", essa selva de concreto não tem nada. E nós seres humanos acinzentamos as vidas alheias de formas que variam as variações das tão infinitas variáveis de equações que medem o impacto do homem sobre o mundo. "Cuidado com o que escreve, Alexandre". Não!
Outro dia tentei ser melhor, e me senti completamente burro. Outro dia me lembrei da minha infância e me lembrei de meus medos, e me senti um covarde. Mas foi quando lembrei da minha vida como uma paisagem, sem as folhas mínimas podres que minúsculas nem pensam em tirar a beleza de toda a natureza, que vi o quanto era feliz. Vi uma criança que se tornou um homem, e um homem que se tornou um moleque. O Erê. "Já que pra ser homem tem que ter a grandeza de um menino", vou rever as paisagens enquanto o mundo varia entre ação, calmaria, emoção, complicação. Estático e belo. Intocado e singelo. Como a vida deve ser!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Que se faça a luz!

Que se faça a luz em minha mente e na mente de todos os homens, que encontram no sentimento humano a maior saída para as dificuldades alheias às quais vivenciamos dia-a-dia! Cobranças e auto-análises são positivas até certo ponto, onde o conto do Vigário é a nostalgia das coisas que você acredita que foram reais em suas fantasias materiais. Focando o ponto de partida dessa fundamentação, crio a ponta de um Iceberg representando o Ser Humano. Digo o Ser Humano em sua essência material, carneossosorgãos. O restante do tal Iceberg são os sentimetos essenciais humanísticos. Mas existe um porém: O aquecimento global. Causado por todos os males criados pelo Ser humano, tanto em meu exemplo quanto literalmente. Ele destrói toda a solidez com o calor desmedido de palavras duras, atitudes drásticas e violentas ao próximo. Só que o que derrete o Iceberg é a fervura oceânica, que faz com que o tal Iceberg, formado de alma, sentimento e matéria, junte-se ao restante nesse oceano de desespero que é o mundo material destruidor de essências. As vezes parece que faço parte de um daqueles jogos onde o personagem o qual você controla é alvo de todo tipo de coisa. Se é um jogo de carro, todos querem vencê-lo. Se é uma batalha, todos lutam contra você. Ou seja, parece que o mundo vive em torno das minhas dificuldades e as tornam ainda mais difíceis!
No meio de tanta confusão, tentar controlar o sentimento humano faz com que nossa alma se perca. Me perco em mim diversas vezes, tentando externar as minhas culpas nas outras gotículas do oceano de extress ao qual faço parte. Não me movimento sozinho. A maré me leva para mares nunca antes navegados, e sinto a pressão exercida pelo mundo em meu corpo inteiro.
Um dia virarei vapor.
Um dia voltarei a Era Glacial.
Onde éramos sozinhos em ilhas, mundos diferentes que ao se encontrarem somavam experiências trazidas de longe.
Hoje, você que passou por aqui e não me conhece compartilha do meu pensamento.
Sem mesmo encontrar-me ou conhecer-me.
Hoje, somos o oceano, e o Oceano (a massa) somos nós, sem opinião, levados pela onda do desinteressse e desatenção.
A queda em cachoeira não é bela quando a descida tem as pedras da decepção abaixo.
E que se faça a luz, aquela em faróis para nortear minha chegada!