segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Redundância

Medo. Uma das minhas temáticas preferidas. Prefiro outras, de fato, mas não há porque fugir. Ou há? Fugir do medo não é ser corajoso, né? Ele fica lá, esperando a oportunidade de aparecer. De tudo se foge. Dele não. Ele é traiçoeiro. Fica na espera de alguma situação repetida, só pra poder florescer. Ah! se todo sentimento humano tivesse tamanha destreza. Como amaríamos? Como seríamos felizes... 
No alto de uma longa montanha, sem cordas e sem segurança, você pode se sentir calmo e seguro, se assim o medo quiser. Na solidão de uma casa, te fazer imaginar as coisas mais terríveis. Não dá pra parar? 
Derreto o cérebro sem precisar pensar muito. É a única fuga. Mas já fugiu de alguém ou de algo? Chega hora que cansa. E a gente já anda tão cansado, né? Se ele te encontra cansado é prato cheio. É como se fossemos ladrões sedentários contra policiais atléticos. Nós nos cansamos e deitamos. E ele chega intacto. Que fôlego tem o medo!
E daí que sentado, em pânico, esvazia o cérebro. No fundo ele te treina. E faz isso porque o mundo é isso aí mesmo. Ora se ama, ora se sofre, tem gente doente, tem probleminha todo dia, problemão de vez em quando, tem perda, tem ganhos, tem sofrimento, tem incerteza, tem dúvida, tem dor de cabeça, tem doença imaginária, tem sorriso, tem perigo, tem falta de ar, tem picos de encantamento. 
E é tipo tudo de uma vez. Me parece que há mesmo algo maior regendo tudo isso. É como se existisse um maestro e o medo fosse o tutor. É como se ele te preparasse para um concerto especial, do dia-a-dia. Creio que Machado de Assis, quando compara a vida à uma ópera foi um dos que mais se aproximou do que eu considero como uma metáfora perfeita. Mas saber se você é o músico ou o instrumento é questão de ponto de vista. Talvez funcionemos ora de um jeito, ora de outro. E há pausas. E o medo vem, te pega na mão e judia. Te faz ver onde errou, te faz reanalisar-se e buscar saída. Respiração 7 por 14, com calma. Desabafa. Transmuta o pensamento, o materialize em palavra. Descarregue que, ao estar na folha de papel, as coisas fazem mais sentido. Depois mostre para seus amigos. É bom.
O medo não é bom nem mal. Não é mocinho nem vilão. Ele é vital. 
Remédio amargo que vai te preparando. As vezes te tira a calma. Mas quero acreditar que é por um bem maior. A busca da paz interior. A calma que a gente tanto precisa. 
É um jeito de te fazer lembrar que de baixo de todas as camadas sociais que te cobrem, existe um frágil e lindo ser humano. 

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