O Ego te grita, irritante e irresponsável
Te diz que você disse o que não deveria
Te coloca em cada apuro
E tudo é puro "não saber": teu sexto sentido
Já se coloca como uma mentira sintomática
Sensível, te torna solitário em mais um solilóquio
Onde se acusa de não saber o que merece
O que não lhe pertence e o que não alcançará
Sensato, te apresenta centenas de sentenças
Todas as provas, sem ter o que contradizer
Aceita a certeza de que devia se calar
Ou que pudera ter dito
São tantos equívocos que, do nada, você se enfraquece
Se esquece de esquisitices que deram certo
De que talvez possa merecer sim
E que talvez possa alcançar sim
E que talvez, apenas talvez, deva tentar
Daí, tudo é negativa.
Até o mais sonoro sim, vira não
E o mais sonoro sino vira latido de cão
E todo e qualquer sensação de prazer
Se esvai...
Esvazia-se a alegria
O pote fica de lado
A música mais triste te enternece
E eterniza essa dor
Mastigue esse amargor
É da prepotência de achar que poderia
Não, menino.
Se mete nas suas coisas
Se vira de costas pro que é e deixa de ser
Assim, do nada
Por medo ou desinteresse
Tem gente que precisa e confia
E você deve se encolher não
Se entristecer, talvez: cairá de novo no mesmo truque
E não a quem cutuque tanto ferida
Como você.
A lágrima do palhaço sempre combinou mais com você
Como vê, cômodo é ser o que sempre fora
E fora isso, vai à aforra: se diverte e inverte
Essa lógica: no fim da mágica noite
De algum dia ruim
Algo de bom há de vir.
Confia em mim.
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