segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O grito

Do auto de um galho um menino olhava a cena apavorado. Subiu ao notar os gritos que vinham em sua direção. Sem nem notar estava lá no alto. O grito era ouvido de dois animais pequenos, e ele não conseguia identificá-los. Pareciam com formigas. Mas eram tão altos os gritos e era tão alto onde estava, que de lá todo mundo parecia mesmo formiga, mas os gritos não. Subiu no topo de uma ávore cheia de troncos, com raízes pra fora da terra, raízes enromes. Subiu quase em um pulo e não parava de subir. Os gritos a cada minuto aumentavam. Ele se lembrou de que gritos menos audíveis significavam maior distância da emissão do som e não o contrário. Olhou de esgueira para baixo e viu que as formigas (ou ao menos as que pareciam com umas bem pretinhas e antenudas) e notou que elas o seguiam. Os gritos aumentando eram quase entendidos pelo menino, que acelerava o passo, a escalada. A árvore parecia não ter fim. Cansou. Bem no momento em que a árvore acabou. As formigas continuaram vindo. Eram mesmo formigas. Balançou o galho onde estavam as formigas. Eram pequenas e indefesas, agora voando sem controle, caindo para cada vez mais perto do chão. O menino estava lá no alto satisfeito em ter derrubado as formigas. Estava com medo. Ele era maior. Podia muito bem fazer o que quisesse com aqueles serezinhos. Ah! mas como era bom ser grande. Foi um herói dele mesmo. Como era bom se defender agilmente escalando tão velozmente aquela grande árvore. Olhava as coisas lá do alto. Era ser humano. Controlava a natureza inteira.
Lá do alto só não eram audíveis os gritos de socorro emitidos pelas pequenas criaturas.