sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Pitoresco

Vou para um hospício quando eu estiver bem
Tem quem não me queira bem?
Rima é uma arma usada, rima forte, rima viva
As palavras tem que ter peso, força, alma
Palavra jogada na lata e misturada não é nada
Busque a musicalidade, abuse da complexidade
Crie seu novo reino, meio sem querendo
Repita jargão não, jargão não se imita, tenha dó!
Se repara que imita, o que é pior, até de onde fala, não me irrite
Tenha pena da pena, ela merece respeito
Use a pancada de cada palavra, no conjunto
Uma sem a outra colocadas amontoadas dentro de uma oração não garantem a salvação
Vá buscar um novo jeito, o centro, o repique certo
A virada, o refrão correto, a luta muda
A rima é rica por si. A palavra é forte por si. Poeminha é tudo isso aí.
Poesia, meu caro, não se iluda!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Uno

Sou uno. Vivo a filosofia dos sonolentos e sou a favor da Revolução Ociosística. Sou contra o sedentarismo mas odeio imposições. Odeio depender que um monte de gente tosca entenda e goste do que escrevo para que isso se torne uma coisa boa. Sou contra todo tipo de preconceitos, exceto os meus. Sou a favor da cultura de massa, do monopólio e da colonização Euro-asia-norteamerica-oceno-índica-subsariana. Gosto de escrever em torno do meu umbigo, odeio livros que não me chamem a atenção, tenho gosto duvidoso, sou muito diferente do que faço. Gosto de falar das minhas raízes, mesmo sempre fugindo delas. Gosto de história triste, gosto de complexidades, gosto de pornografia. Não gosto nem de ler e nem de assistir nada que seja angustiante, mas gosto de (e tento) chocar. Gosto de música alta, não gosto de ser um mal músico. Sou bipolar e não gosto disso. Gosto do gosto de gostar e desgostar. Gasto horas com nada e gosto e condeno isso. Gosto de pobre e gosto de rico, mas não gosto de pobre metido a pobrezinho e nem de rico filho da puta. Gosto que me chamem de arrogante, gosto de ser humilde, não gosto de me fingir de menos competente para agradar medíocres. Gosto do que estudo, odeio lista de presença e reprovação por falta. Gosto das minhas inteligências, de algumas habilidades. Gosto de aprender novos esportes, gosto de praticá-los sempre, mas odeio ser mediano no futebol. Odeio, aliás, ser mediano.
Gosto muito de aparecer, de atenção, mas odeio bajulação e idolatria. Gosto do palco, de falar alto. Odeio ficar sentado esperando o tempo fechar feridas. Gosto de escrever rápido, odeio reler e corrigir. Gosto de animais mas odeio cuidar deles. Aliás, odeio cuidar por muito tempo. Gosto de educar, dar lições de moral, rebaixar em nome de um crescimento forçado. Odeio que pisem na minha cabeça. Adoro ajudar os outros. Não tenho medo dos que tentam destruir meus sonhos. Odeio que me contradigam, retruquem-me, mas adoro discussões. Odeio que digam que estou errado quando estou certo e quando estou errado. Gosto de piadas ruins e odeio gato preto gritando com voz de criança enquanto transa. Odeio transa de gatos!
Odeio ser supersticioso e hipocondríaco, mas gosto mesmo de escrever em meio às minhas crises. Odeio ter medo, odeio a morte, odeio fatalidades, acidentes. Gosto de ser melancólico, gosto de tristeza e de solidão. Odeio, no entanto, ficar sozinho. 
Odeio ser ansioso e não ter um médico que me diz que tô bem. Gosto e preciso entender minhas sensações, dores. Gosto de ler e assistir filmes, mas na maioria das vezes não tenho muito saco pra isso. Gosto de internet, videogame, esportes. Odeio minha falta de controle emocional. 
Gosto muito da minha namorada, odeio quando ela se rebaixa. Odeio TPM e gosto muito dos efeitos do chocolate nas mulheres. Gosto de doce, de comer. Odeio não ter dinheiro para coisas quaisquer e odeio que me paguem por coisas que quero na falta dele. Gosto, no entanto, quando fazem-no e posso pagar. Odeio meus estados de pobreza. 
Gosto de tecnologia, consumismo, roupas caras. Odeio me sentir desarrumado, a não ser que pareça estilo. Gosto de sofrer pra conseguir as coisas, mas odeio o processo enquanto não as consigo. Odeio ter medo, odeio ter medo, odeio ter medo. Odeio ainda mais, ser meu próprio inimigo. Odeio trabalhar, mas gosto do meu trabalho. Gosto de arte mas odeio fingir ser um artista o tempo todo. Odeio bichogrilisse exagerada e odeio peruísse exagerada. Odeio exageros.
Gosto de beber, tenho medo de drogas (e gosto desse medo) e gosto um pouco de festas. Adoro meus personagens. Gosto das minhas máscaras. Adoro ficar com sono e poder dormir. Odeio ter que escrever para me manter acordado. Vivo a filosofia dos sonolentos em busca da minha revolução. Da minha nova vida. Do meu jeito único de ser. Uno. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mais sobre minha peça, "A Árvore Seca"




Realmente, foi emocionante ver meu nome perto desses nomes tão incríveis. É uma felicidade imensa.
Eu vi essa história dentro dos ônibus, no caderno vermelho, nas minhas histórias de criança, espectador do que escrevia. Hoje foi parar nas páginas de jornais, revistas, em sites... Quero tanto isso pra sempre!
Mas agora, com algo novo.
Em breve!