sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Dois pontos, parágrafo de dois dedos na outra linha...

- Acorda!
- Oi?
- É hoje...
- Hoje? Mas porquê não me avisou antes?
- A surpresa fazia parte dos meus planos...
- Mas não é tanta surpresa! Eu já imaginava!
- Então, venha cá... Pegue isso e me siga.
- Não farei isso.
- Porquê?
- Pois a falta de preparação me faz sentir medo.
- Medo? Mas isso é coisa boa?
- Claro que é! Me proteje do perigo.
- Perigo? Mas isso é coisa boa?
- Claro que não, por isso o medo é bom...
- Mas se o perigo não é coisa boa, o medo é realmente incrível! Só não entendendo como algo bom como o medo, pode bloquear minha linda surpresa!
- Mas pelo menos me manterei salvo...
- Mas você prefere se manter salvo sem nunca correr o risco de talvez ser feliz?
- Mas eu não posso me machucar.
- Mas isso não te faz fraco?
- Fraco não. Mas não me deixa forte, já que eu não preciso, já que o medo me tira do perigo.
- Mas quando se é fraco, até a menor coisa se torna um grande perigo! Bom, quer saber. Fique aí mesmo! Mas no fundo, bem no fundo, eu acho que "perigo" é melhor que "medo", pois a minha surpresa era realmente boa!
- Obrigado mesmo assim, mas voltarei para minha toca. O calor me proteje e o medo...
- É, eu já sei. O medo te alimenta!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Síntese dos dias perfeitos

Me arrisco a dizer
Que é simples ser feliz
Quando em uma bela manhã
Alguém acorda ao teu lado e diz
Que hoje sonhou
Com uma bobagem imensa e te sorri
Te abraça forte e sim
Te olha prá te ouvir

Um belo olhar
Sem promessas mil
Garante que estar com você
É uma escolha que sentiu
Com frases lindas
E comentários sem igual
Promete não se separar
Por uma escolha tão normal

Te vejo outra vez no Carnaval
Comendo bobagem, falando besteira
Sentindo-se leal

E Então te olha a alma
Te chama e diz distante
Que nada irá mudar
Nem um segundo desse instante
E que se um dia algo
Separar esse casal
Serão nossos filhos que por entre nossas pernas
Nos separam e nos unem por igual

Te escolho pois te quero, e não por nada mais
Te quero pois te escolho cada dia mais!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Vida Leve

A moça falou que era fato
O fardo que ela carregou
Fatídico dia forjado
Focado no homem que um dia amou
E a moça sentada num canto
Lembrando a canção que cantou
Mas também não se prende no pranto
E trouxe alegria que então se lembrou

Sorriu pro menino descalço
Prá moça que o carro molhou
Para um velho deitado na rua
E pro ar que então respirou
Se achou a mulher mais feliz
Uma coisa que jamais achou
E virou uma mulher mais linda
Mal caiu e depois levantou

Vida Leve,
Leva tudo que levou
Um bom tempo prá ser grande
Tão grande que virou dor
Vida leve,
Me leva prá longe daqui
Na beleza de um breve sorrir
Pois ser leve é poder ter amor

* Bom isso é para ser um samba... eu ainda não consegui pensar na segunda parte!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Frescurite aguda em terceiro grau

Qual a vantagem de ser bom
Em tudo que se compromete fazer?
Do que adianta ter dom
Ensinar todo mundo viver?
Do que vale tudo isso
Essa gana de poder?
Se na hora que o inimigo sou eu
É quase impossível vencer?

Minha luta é diária
E não sei no que pensar
Mas difícil é tentar saber
O que amanhã vou enfrentar
Tenho um problema estranho
Transtorno de frescurite aguda
Em terceiro grau, o mais grave
Que é quando sua vida muda

Meu problema um dia falaram
Não me lembro se psicográfico
Psicodélico, psicografado
Psicotécnico, geográfico
Só lembro que a doutora disse:
"Deixe os problemas de lado
Lute contra os seus medos
Não se faça de coitado"

E na luz fraca daquele dia
Tomei uma decisão
Resolvi encarar sozinho
Esse tal de "não sei não"
Tomei uma atitude drásticca
Não puderam me segurar
E com todas minhas forças
Comecei tudo mudar

Tirei tudo que tinha ponta
Que pudesse me furar
(até agora não sei porquê
Pois nem queria me matar)
Me mudei do décimo primeiro
Para uma casa com um andar
(também não entendi direito
Pois nunca iria me jogar)

Peguei as fotos da menina
A que um dia me fez chorar
Taquei tudo na fogueira
(o porquê nem venha me perguntar!)
O meu cabelo cortei
E boné comecei a usar
(essa sim teve sentido
Só que agora não vou lembrar)

E depois de tudo isso
Fiquei sentado em meu lar
Assistindo televisão
E esperando tudo passar
Quando mais que de repente
Uma ficha me caiu
Foi naquele exato instante
Que meu cérebro descobriu

Que era ele que criava
Essa história descontente
Pois não importa o que faça
Nem a forma que tente
Ele vivia num corpo
Que ele próprio machucava
E ele usou ele mesmo
Prá entender o que tramava

"Se você é mesmo forte
Aguente a si e a esse tormento
Pois o obstáculo que crio
Te faz crescer nesse momento
Você sempre se gabou
De ser capaz de vencer sempre
Então agora se mostre forte
Irá sofrer, mas vai virar gente"

É senhor cérebro...
Você tem mesmo razão
Eu pareço doente dos olhos
E descrente do coração
Eu preciso de alimento de espírito
Talvez um pouco de oração
Quem sabe se eu me mexer
Essa merda passa prá eu ser são.