quinta-feira, 31 de maio de 2012

512

 

A cada minuto, mais sonhos.

A cada sonho, mais lutas.

A cada luta, mais suor.

 

Preparando para outra fase. Com mais sonhos, lutas e suor.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Budapeste

Da dialética perfeita entre razão e emoção, nasce nada não. A mesma coisa acontece com todas elas: a vida se mantêm intacta, inata, estupenda. Segue-se a essa breve introdutória sem sentido, as loucuras feitas por Serafina de Lourdes Aparecida, a finíssima cidadã brasileira nascida em Budapeste, onde ao contrário daqui, a bunda não é uma peste. 
Mas com seu lindo corpo, Serafina, que tinha uma família de nordestinos que moravam por lá na ocasião de seu nascimento, iria fazer história. Sua feitura se dera em 31/12/1995, na ilustríssima presença de três homens que sua belíssima mãe não se recordara. Nascera em berço de outro, pois o pai era desses que insistia em desaparecer. Achou, aquela grandiosíssima e aclamada figura que era a mãe de Serafina, um homem a quem deu o nome de pai. Era assim que nossa heroína ir-lo-ía chamá-lo dali por diante. 
Se não ficou claro, após a indesejada e súbita gravidez posterior às festividades, fugiu aquela pobre mulher para a cidade citada há pouco, e aos poucos vai se desenhando quem é a heroína que vos conto. 
Em 2006, aos 10 anos, participa de um concurso de beleza. Sua mãe a vislumbra como o ícone da lindeza e fineze, a adorna bela e, sem saber de Adorno, vai à grande mídia divulgá-la. Ah! a fama de uma infante! Sem voz, com o perdão da redundância, a pequena brilhava estupenda. Oh! quanta glória! Que beldade. Bela idade.
Em 2011, aos 15 anos, era a garota propaganda dos sonhos. E se cuidava tanto, Serafina, que mudou de nome para não ter nome desqualificante de sua imagem bela, e se chamara Jabuticaba, fruta doce de se esbaldar, que fazia pessoas passarem horas embaixo de seus galhos catando uma por uma grudadas no tronco para se deliciarem. 
Hoje, aniversário de Mulher Jabuticaba, que se acaba em suas estonteantes curvas em seus shows onde canta seus sucessos. A mãe orgulhosa, se sente bem representada: aquela bunda ainda traria de volta toda a grandeza de sua família. Aproveitar da peste garante sustento. A cultura da bunda mostrara, nessa belíssima moça, o quão deveria ser respeitada. Mulher doce, que canta sensualmente, que se diverte. Do nordeste a Budapeste. Para as rádios, para o mundo. Qual é a história futura? Glória. A beatificação do corpo. A santidade do rebolado. A era da arte sacra das beldades e seus lindos corpos. O culto divino do que é sexual. Isso tudo é lindo como as sagradas escrituras. 
Naquela tarde ensolarada, da face de sua mãe escorriam gotas de lágrimas ao ouvir a última parte da música cantada por Serafina. Era angelical.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A criação


O armário, quebrado
As roupas, no chão
A mala aberta, bagunçada
A parede, marcada
A cama, desfeita
Lama no tapete, vidro quebrado
A televisão, ligada
O som, tocando
Uma canção? 

Não importa
Lixo, camiseta e notebook, tudo misturado

Luxo, camisola e cobertor, tudo caído
Léxicos, carreiras e colírios, esquecidos
Loucas, coitadas e carentes, desmentidas
O cachorro, na cama
No chão, algo estranho
Dois corpos deitados
Imóveis
Se olhando, fixos
Depois de uma noite
De diversão, divertida
A rua escurece
Quem ria emudece
O rei não se veste

Quem rima se esquece
Se olhando, fixos
Depois de uma noite

De diversão, divertida
No meio da sala
Em meios às palavras
Na surdez da solidão de estarem juntos
Onde ninguém toca
Onde o som não sai
Da toca
Ele um homem feito que sabe bem as coisas que a vida guarda
Ela uma Mulher forte pronta para descobrir
Na curva das frases, se tornam
Menos que um, se esgotam
Se tornam menores
                                                                                 Homem de um lado                          Mulher de outro
                                                                                   Como uma única                              parte do todo

No final se tornando uma coisa só…

sábado, 5 de maio de 2012

#vamosjogarbola?


Andam criticando a nova propaganda do Itaú. Eles tem razão. Acho que não temos mesmo que jogar bola. O melhor é ensinar para nossas crianças que tudo dará errado. Um evento esportivo não é nada demais. Vamos, daqui para frente, pensar melhor. Vamos criar vários eventos sobre ciência e tecnologia, que é disso que o Brasil precisa. Avanço científico e problemas. Antes fosse simples assim. Aliás, chega, né? Todo dia ao abrir todas as páginas na internet vejo um bando de gente falando de problemas e problemas. Como se falar sobre eles resolvesse. Não, meu caro idiota, não tenho feito nada para resolvê-los, assim como você. E não vejo motivos para uma revolução armada agora. Mas quero mais arte, menos blá blá blá. Eu quero brincar. Todo dia!
Vamos por partes, antes que me enrosque e me crucifiquem (se lerem).
Primeiro ponto: concordo que o Brasil precise melhorar sua educação. Acho indispensável e acredito na educação salvando vidas (comigo tem sido assim, por exemplo).
Segundo Ponto: Claro que o país precisa avançar suas pesquisas, incentivar a ciência…
Terceiro Ponto: Óbvio que o país usa certos artifícios para mudar o foco de escândalos. Claro que o país está afogado em corrupção.
O que quero dizer, e espero já ter ficado claro, é que tudo o que se falou sobre a propaganda, em relação ao que o país precisa, está correto.
Mas daí vem a questão: é só isso? Não digo que a intenção seja boa. Se trata de uma propaganda de uma patrocinadora oficial da Copa do Mundo de 2014. Há muito dinheiro envolvido. MUITO! Esse é o viés óbvio e mercadológico. Aos que não assistiram televisão nos, sei lá, últimos 50 anos, as coisas tem sido assim mesmo. Acostume-se.
Mas vamos ver a mensagem com calma. Ela diz: “Vamos jogar bola”. Mas em seguida, dá uma definição para o que a propaganda entende como “jogar bola”. “Jogar bola é ir em frente, é arregaçar as mangas”. Ou seja, já aí está oculta uma mensagem, que indica que “jogar bola” nesse contexto tem algum significado além. Daí não quero continuar analisando cientificamente o restante. Vamos pra onde quero chegar.
Primeiro, acho que a propaganda só foi usada por um bando de pseudo-intelectuais para falar o óbvio: do que o país precisa, do como deveria ser, do que acham, chamar os jogadores de burros, e chamar o povo de incompetente. Discurso Tradicional. Normal. Comum. Mas e o Como? E o sobre o jeito do que temos feito? Isso não vem ao caso para eles. O que precisamos é de gente competente, sabia?  Papagaios, não.
Acho que sim, precisamos mesmo jogar bola. Aposto que muitos dos que criticaram a propaganda, jogam bola de vez em quando para relaxar a cabeça. Mas esses podem: estudados, evoluídos… esses não estarão sendo dominados e controlados por uma propaganda  do demo que quer fazer com que você não saia de casa e fique só se preocupando em gritar Gol… manipulados, todos nós. Aliás, o discurso rebelde pula da propaganda. No dia em que a vi pela primeira vez, já sabia onde daria. Não deu em outra. Menos manipulados? Não houve discussão? Sou o do contra então! Prefiro isso, discussão. Há tanta burrice quando ser manipulado é ser manipulado e se acha que está salvando o mundo. Coitados…
Jogando bola, a gente se diverti, se exercita, relaxa. Agora, pra quem morou onde não há opções de lazer, nasceu, assim como eu, na margem da sociedade topetuda que bate no peito e chama o povo de burro, devemos sim jogar bola! Do que adianta lutarmos? Somos peixes tão pequenos. Tudo bem que “juntos teríamos força para mudarmos o mundo” e todo aquele senso comum de boteco. Mas até para isso precisaríamos ter a cabeça fresca. Uma coisa não exclui a outra. A gente precisa de dinheiro. Precisa de arte. Cultura. Precisa de uma revolução para derrubar nossos governantes filhos da puta. Mas enquanto isso, vamos em frente. O mundo precisa de ludicidade. A vida é bela. Lembra? Em meio à guerra, o lúdico. Enquanto a tal elite intelectual topetuda e hipócrita não faz, enquanto a gente não faz, enquanto as coisas acontecem tropicantes, não crie preocupações. #vamosjogarbola! Ou #morrerdecâncer!