Já que não podia voar
E disso ele tinha certeza,
Nem carecia de tentar
Um dia quando era pequeno
Mas pequeno do que hoje é,
Subiu num pé de abacate
Usando sua mão e seu pé
Com uma asa que ele criou
Que era feita de pena de sabiá
Que de uma em uma catou
Pra sua asa poder então criar.
Fez o molde em bambu levinho
Pois as penas em todo moldar
Amarrou-as em seu colarinho
E se preparou pra voar
Com intenção de ir lá pro céu
Falar com o menino que a terra criou
Sem medo das abelhas que rodeavam o mel
Ou da cerca de arame que construiu seu avô
Perguntar porque é que será
Que a água que tanto precisa
Um menino em algum lugar
Abre a torneira, (delicia!!!)
E deixa tudo vazar...
E essa água toda vai pro esgoto
E se perde na imensidão
Vai cair num desses rios sujos
Atolados de poluição...
E aqui ele faria certinho
Nunquinha que água iria estragar
Ia mesmo usar pra poder
As plantinhas podê-las regar
Mas como subiu lá em cima
E sua mãe lá de baixo gritou:
“Deixe de ser abestado meu filho!
Voa é coisa de passarinho,
Não Ter água coisa de sofredô”
Desceu da árvore, sentou e chorou,
E voar nunca mais tentou...
* Esse é um trecho de uma peça escrita por mim, na qual participaram também o Daniel e o Filipinho, chamada "Caminhos do mar". Eu realmente adoro essa parte, que mostra como os pais bloqueam os sonhos infantis. Enfim... espero que gostem!
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