segunda-feira, 6 de abril de 2009

Longe das coisas

Distanciávamos do nosso verdadeiro sentido. Sentindo o peso do mundo, buscávamos a verdade, ansiávamos pelo correto. Eram sempre as mesmas formas que traziam as suas representações. Do mesmo jeito, nenhum outro sentimento existiu. Eu dormia de medo, chorava de cansaço, morria de vergonha de sentir-me assim. A culpa de não ser feliz sempre foi minha!
A cada novo momento encontrava um novo jeito de ver as coisas. Usava o sapato novo, o tênis novo, o rasgado, o de marca, o "cult", o sujo. Misturava camisetas, bermudas, jaquetas. Usava o que me fazia sentir bem. Era meu "eu" tentando conhecer o "eu". A cada novo dia era dor por ser pouco, dor por ser demais, incômodo por ter, perder, não ser, não crer. Sorte minha que isso passa, falavam... e passou! Para um outro nível!
Daí era conhecer a morte, a responsabilidade, o emprego, o medo, a confiança. Era hora de negar crenças, buscar rumos, criar histórias, gerar jeitos justos de juntar o melhor, vestir o melhor, dar do bom e do melhor, pra quem merece o melhor. Mesmo que nunca saibamos o que é pior do que procuramos.
Depois era o amor. E o desamor. Repetidos, incessantes, entregas doces, violentas, inteligentes, intelegíveis, descomplicadas demais, enlouquecedoras, incompetentes, preconceituosas, doentes. E era a decepção.
Era o sonho. A vontade, a vitória, o dinheiro, a glória. Eis que surge, a maldita queda. E pega que recontrói.
Reencaixa, briga, sobe, vence, e tapa o Sol com a peneira, brincadeiras, pega-pega, caça ao tesouro, e o tesouro não é ouro, é somente terminar a obra simples, sem pedreiro, longe de casa, sozinho com mais um monte de sozinhos.
Tem alguém que te admira, que admite que te ama, que não omite, que te chama, que dispensa, que te humilha, busca outro, nem mais pensa, vai atrás, consegue o troco, dá o troco, te liga... dorme, sonha, se esquece. Acorda, sente carência, te ama novamente. E mente de novo. Escrevo e durmo.
Mas hoje não. A pausa na minha vida aconteceu.
Busco uma nova lição, busco o amor das coisas, as coisas, os segredos escondidos em mim. Cansado ouvi mentiras, aturei verdades, perdi meu medo fiz. E fui. Fiz de mim vivo. De novo valoroso, com opinião, rigoroso. Mas as complicações continuam, desencantam.
Sozinho, solitário, a solidão...
E eu cresci um dia, voltei a ser criança. E eu que julgo força, não passei de ser. Humano.
Sempre verás nos meus escritos esses termos. Mas hoje termino, desglamorizando.
Ainda estou raso, sumindo da vida. Ligo chorando, acordo confuso. Distanciávamos sim do verdadeiro sentido. Mas descobrimos, outra vez, mentiras. E por hoje menções sobre minhas fraquezas são proibidas.
Sou mais forte do que acho, menos do que acham.
Mas sou feliz!

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