quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Último Suspiro

Se somos tão jovens como somos
Se a tua força ainda me faz forte
Se aquele dia sobre as águas ainda existe
Se a tua pele se faz presente em meu nome
Se o teu cabelo tem o meu corte preferido
Se a borboleta em suas costas se faz presente em mim
Se sinto o cheiro do seu quarto no meu
Se te abraçar ainda não precisa ter fim
Se a tua boca combina tanto com a minha
Se quando fala é tão articulada, inteligente
Se tanto elogia minhas idéias
Se admiro seu ser consciente
Se entre pernas e braços me perco
Se o teu corpo é minha religião
Se a minha lágrima é tão salgada quanto a sua
Se por você eu iria pra Lua, rua de trás
Se nunca mais fosse feliz de viver
Voltaria feliz pra ser infeliz com você
Se a minha mente se lembra do beijo
Se aqueles três se tornaram um milhão
Se realmente acredita que não te mereço
Se ninguém, afinal, me diz o que mereço então
Se ainda me olha como sempre olhou
Se muitas vezes você implorou
Se tantas vezes, por ti eu mudei
Se outras tantas também implorei
Se o meu começo e meu fim tem você
Se com você aprendi ser melhor
Se você comigo também é tão melhor
Se ainda assume não consegue ser só
Se ainda diz que me ama com força
Se ainda sabe do meu grande amor
Se bem conhece o carinho que existe
Se tem lembranças doces e de dor
Se já doeu tanto, vamos lá!
Se já que essa tal dor não teve fim
Se eu nunca mesmo cansei de tentar
Se o teu corpo foi feito pra mim
Volta pra casa e pense melhor
Eu vou sentar e esperar se lembrar
Do abraço na praia, do beijo no Hotel
Das briguinhas por sono
Do céu... nosso céu!
De hoje em diante posso sim ser só
Mas se somos tão jovens como somos
Vou esperar uma vida, só uma
Pra não mais ser pior
E fazer da essência do amor, novamente pura.

A nova vida

As paisagens me levam de volta
Nessa estrada bem feita, pra onde
Talvez possa viver minha vida
Esquecer-me da dor de ir pra longe
E a ferida nunca existiu
Talvez seja feliz como sempre
Talvez cresça vivendo sozinho
E não erre tanto como antes
O bastante é o que me arremessa
Ter bem mais, minha motivação
Mas agora a paisagem que passa
É o contrário dessa condição
Pois o chão que hoje piso não é
Simplesmente banhado de fé
tem também uma força de pé
E raízes fortes da canção
Mas o simples fato de o Sol
Invadir a janela e a flor
Alimenta o espírito e a planta
Anseia bem menos do que ele alcança
Na viagem hoje me distancio
Minha mente de outro lugar
Quero as vezes sorrir sem ter medo
Como o Sol, invadir e brilhar
Faça aos poucos o que falta pra mim
Reacendo a esperança de crer
Reaprendo o perigo de andar
Sinto nas costas a dor de crescer.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Medo

Não tenho medo
O medo quase sempre é ilusão
Tenho um segredo
Que causa muito mais que comoção
Tenho um brinquedo
Que me dá muito mais que diversão
Mas é tão cedo
Pro medo continuar a dizer não

Não, não posso lutar
Me sinto bem nessa situação
Pois se eu me machucar
A minha fé se torna falsa em vão

Tão bonito,
Um Deus derrotado que vence ao final
Sem ter medo
Mas nem dessa forma parece vital

Eu troco rumos, eu troco as palavras
Mas o mundo continua igual
Tranco os fundos, ligo a luz da sala
Mas meu medo parece normal

Num palco negro
Vivemos nossa invenção
Pra não ter medo
Sou personagem, criação
Sou pensamento
Forte em sua interpretação
E a noite o medo
Me faz sorrir de solidão

Ah... Pra que lamentar
Se é tão sozinho quanto escolheu
Um ser melhor existe em todo lugar
Parto sozinho pra ganhar o que é meu

Somos ilhas
Em lugares sujos, vazios, sem mar
Retrucando sedentos
Encontrando algo pra querer lutar

Eu troco rumos, eu troco as palavras
Mas o mundo continua igual
Tranco os fundos, ligo a luz da sala
Mas meu medo parece normal

domingo, 12 de abril de 2009

Pensamento

Ah... se somos tão burros como somos
Se nossas mentes não sabem viver
Se meu espírito esquece de entender
Que nos respeitarmos é a fonte do ser
Se um pensamento é mesmo ruim
Se eu prefiro sofrer mesmo assim
Se não existe mais nada ruim
Se minha vida é teu resto em mim

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A = π.r²


Meu círculo torto tem traços rabiscados tentando contornar sobre a linha anterior o mesmo trajeto. Mas minhas mãos tremem ao tentar concretizar tão simples missão. Com o mesmo punho que escrevo agora, que toco meu violão com firmeza, não consigo nunca dois círculos iguais. Quase nunca as duas pontas se encontram. É como se fugissem de mim. Domino a arte de fingir que sou artista. Mas não consigo juntar as duas pontas de um mesmo círculo!

Mas o mais interessante é que mesmo sem se unirem de frente, as linhas acabam se cruzando. Imagino como se fossem para lugares diferentes, quebrando a mesmice cíclica sem fim do círculo. São infinitas tais linhas, que parecem surgir de um ponto comum, cada uma para um lado diferente.

Assim como minha vida, cada ponta se distancia da outra, fugindo de ser si. Despedem-se e vão até onde a caneta quiser. Rabisquei violentamente círculos no papel. Vi milhares deles, e todos surgiram de um mesmo ponto, nasceram juntos. Giram procurando encontrar a outra parte, que fecha o círculo.

Buscamos todos os dias nossa outra ponta. Somos desenhistas frustrados, sem compasso, pressionados pelo mestre "tempo". Tentamos às vezes a vida inteira completar o círculo.

Mas nosso punho treme, despreparado. Ansioso pela perfeição do círculo, tenta sem sucesso. Quando encontram-se as pontas, temos um cículo torto.

Mas e quando conseguimos? E quando o belo e perfeito círculo se encontra feito? Giramos novamente? Repetiremos novamente o feito?


Não. Nada disso.


Somos a área interna e externa do círculo. Somos tudo, pois encontrar-se em outra metade de si é despertar a essência sem máscara. É poder ser tudo. Daí conseguimos a beleza da arte.

Da arte de viver, de se gostar, de ser sempre a soma de todas as coisas.

Longe das coisas

Distanciávamos do nosso verdadeiro sentido. Sentindo o peso do mundo, buscávamos a verdade, ansiávamos pelo correto. Eram sempre as mesmas formas que traziam as suas representações. Do mesmo jeito, nenhum outro sentimento existiu. Eu dormia de medo, chorava de cansaço, morria de vergonha de sentir-me assim. A culpa de não ser feliz sempre foi minha!
A cada novo momento encontrava um novo jeito de ver as coisas. Usava o sapato novo, o tênis novo, o rasgado, o de marca, o "cult", o sujo. Misturava camisetas, bermudas, jaquetas. Usava o que me fazia sentir bem. Era meu "eu" tentando conhecer o "eu". A cada novo dia era dor por ser pouco, dor por ser demais, incômodo por ter, perder, não ser, não crer. Sorte minha que isso passa, falavam... e passou! Para um outro nível!
Daí era conhecer a morte, a responsabilidade, o emprego, o medo, a confiança. Era hora de negar crenças, buscar rumos, criar histórias, gerar jeitos justos de juntar o melhor, vestir o melhor, dar do bom e do melhor, pra quem merece o melhor. Mesmo que nunca saibamos o que é pior do que procuramos.
Depois era o amor. E o desamor. Repetidos, incessantes, entregas doces, violentas, inteligentes, intelegíveis, descomplicadas demais, enlouquecedoras, incompetentes, preconceituosas, doentes. E era a decepção.
Era o sonho. A vontade, a vitória, o dinheiro, a glória. Eis que surge, a maldita queda. E pega que recontrói.
Reencaixa, briga, sobe, vence, e tapa o Sol com a peneira, brincadeiras, pega-pega, caça ao tesouro, e o tesouro não é ouro, é somente terminar a obra simples, sem pedreiro, longe de casa, sozinho com mais um monte de sozinhos.
Tem alguém que te admira, que admite que te ama, que não omite, que te chama, que dispensa, que te humilha, busca outro, nem mais pensa, vai atrás, consegue o troco, dá o troco, te liga... dorme, sonha, se esquece. Acorda, sente carência, te ama novamente. E mente de novo. Escrevo e durmo.
Mas hoje não. A pausa na minha vida aconteceu.
Busco uma nova lição, busco o amor das coisas, as coisas, os segredos escondidos em mim. Cansado ouvi mentiras, aturei verdades, perdi meu medo fiz. E fui. Fiz de mim vivo. De novo valoroso, com opinião, rigoroso. Mas as complicações continuam, desencantam.
Sozinho, solitário, a solidão...
E eu cresci um dia, voltei a ser criança. E eu que julgo força, não passei de ser. Humano.
Sempre verás nos meus escritos esses termos. Mas hoje termino, desglamorizando.
Ainda estou raso, sumindo da vida. Ligo chorando, acordo confuso. Distanciávamos sim do verdadeiro sentido. Mas descobrimos, outra vez, mentiras. E por hoje menções sobre minhas fraquezas são proibidas.
Sou mais forte do que acho, menos do que acham.
Mas sou feliz!