Ele adentrou o bloco como quem entra em uma zona de minas. Minas terrestres. Terras desconhecidas. Ao sentir a energia do bloco pensou como aquilo era perfeito. Estava onde nunca pensara estar naquele momento. Pessoas pulando suadas encostando seus corpos a ele e havia ele, rabugento como sempre, pulando enojado. Em seus planos não constava aquilo. Não existia na metodológica vida que tinha aquele ato. Pegou o ato e jogou no lixo, pegou a atitude desregrada e recriou-a. E viu o bloco se afastando. Havia o trio. E não eram os três motivos que confirmavam que ele deveria estar longe dali. Era um barulhento, tosco, falando merda. "Vão se fuder todos, por favor!". Era um pensamento recorrente, descontente e puto. Era a merda do som, eram as fantasias. E o bloco se afastando. E ele sentado. O Pierrot chorando pelo amor da Colombina? O amor de quem? Eu quero mais é beijar na boca!?
Sentou-se sozinho na calçada daquela cidade do interior. Lembrou-se de outros carnavais. Da cena da Tv, das alegorias, dos enredos ridículos. Tomou outro gole de cerveja, acendeu outro cigarro. Um trago forte, uma dor e uma porra de um vazio. E um barulho insuportável. Sentado em meio a multidão, olhares tortos e recriminantes. E a música.
Quem chegou perto dele nunca soube. Quem viu aquele homem nunca supôs. Que o bloco que ele seguia estranhamente parou de tocar. Que as pessoas pararam de pular. Que ele sozinho cantou uma única canção. Uma marcha. Às lágrimas.
Isso ocorreu sim, na atemporalidade de sua mente. Onde não havia carro. Não haviam outras pessoas. Só ele e sua canção. Longe de lá. Perto de si. Correu, parou perto do bloco, sorriu e decidiu: nunca mais iria sofrer.
oi
ResponderExcluirVim te visitar e gostei
bj
e como separar autor de sua obra? como?
ResponderExcluire o bom de tudo é caminhar no pensar das personagens e se encontar dentro deles todos.