sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Arte de ser "Trouxa"

Acho que agora vai. Acho que de uma vez por todas vou deixar de achar. Acho que daqui pra frente a certeza se tornará minha norteadora de novo. Me sinto útil , assim como se sentem os verdadeiramente úteis. Aqui, faço uma parêntesis: O que escrevo nesse texto, é visto por muitos como um simples desabafo em um mero diário. Como os não críticos literários, ou alienados da comunicação podem perceber, tento sempre universalizar meus conflitos internos. Portanto, a partir do próximo parágrafo, retomarei meu raciocínio: "Próximo parágrafo, por favor!".
Útil por me fazer participante do mundo das sensações, e não simples e inato ao que se pode esperar dessa pessoa que está ao seu lado. Os casamentos, em geral, devem ter tal problemática. Tudo que se consegue, que se tem, perde a graça. E para tudo que possuímos, não damos o mesmo cuidado do que aquilo que não temos. E continuando nesse lugar comum, por que desprezar aquilo que se tem na mão? Pois então, acho que estou conseguindo entender esses tais argumentos! A resposta é simples. Por não sentir amor por aquilo. Sei que não soa nada genial, mas aguente, logo vem algo melhor.
Em uma sociedade que tem como meta o consumo, nossa vida gira em torno disso. Consumimos produtos, serviços, e inclusive amores. É verdade! O amante é um empregado, um produto, um serviço. O empregado é dispensável, o produto sai da moda. As vezes o serviço trás a pessoa para perto, por mais tempo. Daí surge o velho discurso sobre não conseguir se separar de alguém que não quer mais...
Tudo bem, talvez não tenha me explicado tão bem. Vamos mais devagar. As características personificantes do produto, em minha analogia, se limitam a utilidade estética. E não digo beleza e feiúra. As vezes aquilo enjoa. É como trocar um celular: o velho era lindo e prático. Mas existem outros tão melhores!
Se quando a comparação se faz com o empregado, tento atingir o aspecto serviu dentro do relacionamento. São as tarefas mais materiais. "Eu lavo a louça", "Te ajudo com isso", "Te faço carinho", "Te passo o creme", essas coisas... O fato de, por exemplo, deixar de ver gente, amigos, sair, se divertir, impostos pelo parceiro, como um patrão impõem ao seu empregado.
E há o Serviço. Uma diarista, um produtor de evento. O Serviço, nessa louca teoria, seria tudo no que se auxilia psicologicamente. Daí sim, há uma ligação. Coisas do tipo a pessoa que te coloca no colo quando você chora, que te dá carinho mesmo após surtos violentos, que não sai do seu lado, que supri suas carências. Sem citar, é claro, o quando a carência pode ser suprida por qualquer um, carência de qualquer tipo de afeto, mas como você é o único que está lá, vai isso mesmo! E dentro do Serviço, também se insere o sexo, o beijo, o corpo. Ou seja, a maioria dos relacionamentos se baseiam na visão capitalista de Serviço (assim como há pessoas que não vivem sem uma diarista, há quem não viva sem banco e ninguém vive sem médico).
A diferença é que amor não é um sentimento capitalista. E nem socialista, comunista, nada disso. Amor é uma forma de sentir suprema, que já foi metaforizada nas formas mais incríveis possíveis. A diferença é que enquanto não deixarmos de olhar o amor pela visão lucrativa, continuaremos nos afundando, banalizando todo e qualquer sentimento bom, enquanto cantamos bêbados músicas que incentivam a banalização do sentimento, do olho no olho, do amor tranquilo, de entrega, de paz.
O ser humano, cada dia que passa me dá mais nojo. E pensar que sou um deles, me faz questionar o porque de estar vivo. Mas esqueço tudo. E faço da vida, a arte de ser trouxa.

2 comentários:

  1. Vc consegue de forma divinal expressar os sentimentos...

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  2. Suas palavras dizem muito sobre como me sinto hoje, mas será que ainda pensa assim...

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