sexta-feira, 20 de abril de 2012

Paralelismo


Ao adentrar a coluna social, as pessoas sonhavam em adentrar a sociedade. Mas a ela não se adentra tão facilmente.
É preciso ser feito de carbono, dinheiro, maldade e falta de escrúpulo.
É preciso ler os livros certos, fingir que gosta. Ter uma boa profissão. De preferência um bom cargo. Se não trabalhar, melhor.
A vida social é feita de máscaras, muitas máscaras. Eu tenho a minha, você a sua. Trocamos, destrocamos.
Nos escondemos atrás de marcas, bons relógios, óculos. Vamos cobrindo, como se cobre um sorvete, para mudar o sabor.
Que sabor buscamos? São tantas e tantas coberturas que nem lembramos mais do nosso gosto.
Tendo bom gosto as coisas acontecem direito. Tenha bom gosto. Tenha dinheiro.
Não basta ter dinheiro, ok? Se você não conseguir satisfazer o gosto de uma meia dúzia de imbecis você nunca será um deles…
A gente luta mesmo por isso? Luta dura, pela aceitação de imbecis… Aqueles que carimbam nossa entrada para a sociedade.
Os cultos em cultos. E eu oculto.
Peregrino ascendendo, corro e busco. Buzino alto e não reparam em mim. Por que eu fui querer escrever? Quem hoje em dia quer ser assim?
Assisto a vídeos no Youtube que são tão mais divertidos. Mas falta toque de bom senso.
Nossa classe, a da elite intelectual (?) da ibope porque acha engraçado. Eu não sei que “porque” usar. E ninguém ri disso.
Gente que gosta de postar como não gosta de quem fala errado. Falar merda não conta? Merda bem escrita? Gente da Veja, veja bem…
Não falo mal, gosto de ver a gente ser manipulado. Assisto a tudo com ciência de tudo o que está acontecendo.
Camarote dos que pensam. Camarote sem vip’s. A pista alegre dos que não entendem o mundo. Vestir os óculos da hipocrisia. Invejo-os, invejo-os.
As malditas intelectualidades. E a gente aprende tanto com pessoas fantásticas. Mas a gente insiste em dizer que elas estão em lugares estratégicos. No meu bairro, na minha quebrada, na minha Universidade, no meu ciclo social…
Pessoas fantásticas estão aí no mundo, e quem as encontrar que as use. Serão fantásticas onde estiverem.
Mas em meio a essa bagunça imensa, só espero que as pessoas tomem um banho de consciência. Façam não mais uma reeducação alimentar. Reeduquem-se culturalmente. Eticamente.
Enquanto isso, continuo assistindo a vida. Esta interessante, entediante. Estamos muito perpendiculares. Falta-nos paralelismos, não é mesmo, beronha?

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