quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Do amor que tenho

Acho que estávamos deitados. Os corpos pareciam flutuar, mas é quase certo que estavam repousados lado a lado. Eram mentes interligadas e acho que estávamos sorrindo. Lembro que talvez pudéssemos estar pensando, inclusive a mesma coisa. Pensamentos sobre futuro, talvez. Ao olhar nos seus olhos lembro de ter visto algo que não sei. Traduzo aqui sem detalhes, pois seria impossível relembrar em palavras o que minha mente sonha em "flash's" surreais. Mas posso afirmar que tinha um pouco de serenidade, talvez esperança e muita fé. Acho que a fé pode ser mais fiel ao que tento expressar. Algo quase divinizado mesmo, sabe? Os olhos piscantes, lentos, fundos, aspecto calmo. Algo que acalma e traz um "sentir bem".
Acho que estávamos sentados. As imagens passavam velozes na janela ou o tempo parou? Tinha um pouco de chuva na minha cabeça. Acho que sentados não lembramos que tinham outras pessoas do lado. Acho que estava feliz. Acho que ela também. Tem algo de lábios que se tocam e pronunciam grudados palavras entendidas por movimento. Há algo de distante da realidade, de novo. Acho que alguém não estava tão feliz. Tinha algo de abraços, talvez um pouco de tensão, preocupação ou falta dela, tinha um pouco de lembranças, traumas, havia uma esperança meio morta, mas distante. Havia mais. Muito mais mesmo e eram as coisas mais belas. Havia promessas, isso era lindo, sem contar as resoluções, conversas maduras. "O corpo, minha querida, se perde. A essência tem que ser o eterno elixir do par".
Acho que poderíamos estar de pé. Daí o abraço escondido atrás do caminhão ou tinha algo de sorriso e algo de bebedeira. Tinha alegria no esconderijo, tinha risada. Lembro que também havia algo de dança, algo de belo, belos trajes, um olhar apaixonado distante. De perto. Muitas pessoas ao lado, mas lembro que só tinha uma. Lembro dos corpos se aproximarem e lembro das belezas internas que, se não onisciente, via nos sinais tamanha intensidade.
As coisas se misturam. Não há uma lógica. E nem era mesmo pra ter. Confesse! Você leitor, se não amou, então não entenderá. Não mesmo. A temporalidade presente nesses dias se perde. Não há mais tempo.
Afinal, do que eu me lembro mesmo, era da menina que disse que amava cada pedaço de mim. Acordar sozinho pode ser duro, mas logo não será assim. Um "Eu te amo" pode ter várias interpretações. As palavras valem muito. Mas pra que dizê-las? Amo essa menina como a mim mesmo. Amo tanto que sinto o frio na barriga das crianças. E porque seria diferente? Afinal, quando alguém resgata sua essência, respeitando as diferenças, há algo de felicidade escondido em algum lugar.
Lembro só do abraço. Da frase no ouvido. Do amor quebrando minhas maldições.

Um comentário:

  1. "Afinal, quando alguém resgata sua essência, respeitando as diferenças, há algo de felicidade escondido em algum lugar."

    Estava com saudade dos seus textos!

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