sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
terça-feira, 5 de setembro de 2017
Calvário Pagão
Enquanto o mundo assiste
O passado renascendo
Vou criando paraísos imaginários
Dos quais insisto e acredito, me reacendo
Me atrevo a continuar entre vários
Aprendendo a reconhecer no rival um irmão
Como num calvário pagão
Do qual caminho ajoelhado
Em meu íntimo e particular coração
Por fora não: entrego-me de bandeja
Aos que acredito e aos que me enganam
Me engano com essências, mas não me encolho
Escolho sempre ideologias amplas
Não sou de ignorâncias confortáveis
Não sou de mentiras afáveis
Sou de confusões construtivas
E de o amor destruindo e reconstruindo
Mas faço tudo de um jeito tão doído
Entre clonazepans e risotrils
Pensam ser spam meu modo hostil
E de tanto que escrevo e compartilho e repasso
Me enlouqueço num sutil recomeço
vou entre Marias, Joanas, palheiros
Entre esperanças, dores, dinheiros
Me perco entre peças e peço outro preço
E outra pausa, outra pessoa... é assim!
Se eu preciso mesmo de algo
Esse algo podia gostar mais de mim
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
Ego
O Ego te grita, irritante e irresponsável
Te diz que você disse o que não deveria
Te coloca em cada apuro
E tudo é puro "não saber": teu sexto sentido
Já se coloca como uma mentira sintomática
Sensível, te torna solitário em mais um solilóquio
Onde se acusa de não saber o que merece
O que não lhe pertence e o que não alcançará
Sensato, te apresenta centenas de sentenças
Todas as provas, sem ter o que contradizer
Aceita a certeza de que devia se calar
Ou que pudera ter dito
São tantos equívocos que, do nada, você se enfraquece
Se esquece de esquisitices que deram certo
De que talvez possa merecer sim
E que talvez possa alcançar sim
E que talvez, apenas talvez, deva tentar
Daí, tudo é negativa.
Até o mais sonoro sim, vira não
E o mais sonoro sino vira latido de cão
E todo e qualquer sensação de prazer
Se esvai...
Esvazia-se a alegria
O pote fica de lado
A música mais triste te enternece
E eterniza essa dor
Mastigue esse amargor
É da prepotência de achar que poderia
Não, menino.
Se mete nas suas coisas
Se vira de costas pro que é e deixa de ser
Assim, do nada
Por medo ou desinteresse
Tem gente que precisa e confia
E você deve se encolher não
Se entristecer, talvez: cairá de novo no mesmo truque
E não a quem cutuque tanto ferida
Como você.
A lágrima do palhaço sempre combinou mais com você
Como vê, cômodo é ser o que sempre fora
E fora isso, vai à aforra: se diverte e inverte
Essa lógica: no fim da mágica noite
De algum dia ruim
Algo de bom há de vir.
Confia em mim.