quinta-feira, 25 de maio de 2017

Pobre rico

Enterrem tudo de uma vez
O pouco que sobrou de quem não quis viver
Não serei eu a luz no fim da cova
Enterre de uma vez sem deixar prova

Enterrem todos de uma vez
Que a sua sujeira me envergonha
Imagine se a dona Tonha fosse um Fasano ornado
Não é pecado ver a dona tristonha

Não te faz bem
Você realmente não precisa
Ser alguém pra alguém que quer ser ninguém,
E mais nada

Enterrem logo de uma vez
Viver os dias lindos de um centro de glória
Tão perto da Ipiranga com a Avenida São João
Esses lixos urbanos, como ratos, proliferarão

Voltem pros seus castelos e fumem mais
Mas deixem esse pobre amigo rico em paz
Ele usa cocaína todo dia, mas trabalha
Indicado por licitações, batalha

Sol e chuva acorda cedo
Pra ganhar o seu sustento em notas emochiladas
é cada cilada, que ele entra pra nada
Pois pobre injusto reclama de ajuda privada

O lixo não entende
Que meu filho doente e seus exames
Farão dele um valioso chefão
Então quem tem mais valia nesse império de vexames? 

Vou dizer...

Senta, cidadão comum
A bunda na escada e tome um trocado
Não esqueça de economizar cada centavo
E faz a economia girar, entendeu?
Senta, cidadão medíocre
A bunda nesse chão gelado e acenda outra pedra
Mas faz longe daqui, num beco de favela
Onde meu filho compra o pino seu de cada dia

Que agonia ter que explicar
A falência estatal, todo santo dia



segunda-feira, 22 de maio de 2017

Egoísmo e utopia: ou me ajuda amar?

De cada 10 coisas que penso, 9 são sobre coisas minhas. Sou egoísta em minhas atitudes e tenho pensamentos (ora ou outra) altruístas. Ando na corda bamba da realização dos meus sonhos e da possibilidade ao menos remota de que todas as  pessoas do mundo possam sonhar.
Eu queria morar num castelo. Só meu e de quem amo. Mas queria que todo mundo pudesse sonhar nisso também. Não realizamos? Tudo bem. Miramos a Lua. Para se errarmos, já estarmos entre as estrelas. 
Meu pai me ensinou essa frase antes de virar estrela. Minha mãe me ensinou a respeitar todo mundo e ter os pés no chão. Esse alicerce me da uma força. É ar puro. É libertador! 
No mundo dividido, eu é que não vou dizer que não tenho lado. Não me calo. Sou de utopia sim, de sonhos impossíveis e de planos impraticáveis. Sou desses que realiza e que posterga. Que pretende e procrastina.
No fim, eu só queria que minha vida se ajeitasse pra eu poder fazer mais pelos outros. Sonho tolo: ninguém nunca alcança a cenoura. Ela fica lá balançando. A gente a segue salivando há séculos.
Menos tensões. Mais amor. Nam-myoho-rengue-kyo, saravá, amém e zaz. 
Religião e política e futebol e o que for. Discute comigo? Mas deixa eu te amar e me ame? Seja você quem for? Ou o que pensar? Vamos tentar que menos gente mate e morra? Luta comigo pra não ter mais que sangrar? 
Sonha alto, vai!? Que tal? Não num maior quintal, mais num mundo onde o mundo é o quintal mais bonito e é de todos? Vamos ter o que comer? Todos nós termos direito a ter saúde? Vamos ajudar as pessoas a lerem o mundo que as descrevem em letras que elas entendem, escrevendo conteúdos pra que elas entendam? 
Vamos viver esse sonho? É um passo.
Depois o outro.
Vamos reaprender a dançar do primeiro compasso. 
De mãos dadas, passo a passo. 
Num abraço coração com coração.
Vamos ensinar e aprender sobre dar sem receber e sobre ter (e sentir) gratidão?
Não quero pensar no meu irmão que passa fome. Quero que ele coma. Limpe o prato lambendo. 
É utopia!? Que seja! Mas é que na minha mesa tem rango e tem prato na minha pia. 
Eu ainda posso sonhar no sonho dos outros... 
Com fome a gente só precisa comer. 
Com sede, beber.
Pra sonhar é preciso não estar preocupado demais.

Que o livro e o prato alimentem muita gente.