Da dialética perfeita entre razão e emoção, nasce nada não. A mesma coisa acontece com todas elas: a vida se mantêm intacta, inata, estupenda. Segue-se a essa breve introdutória sem sentido, as loucuras feitas por Serafina de Lourdes Aparecida, a finíssima cidadã brasileira nascida em Budapeste, onde ao contrário daqui, a bunda não é uma peste.
Mas com seu lindo corpo, Serafina, que tinha uma família de nordestinos que moravam por lá na ocasião de seu nascimento, iria fazer história. Sua feitura se dera em 31/12/1995, na ilustríssima presença de três homens que sua belíssima mãe não se recordara. Nascera em berço de outro, pois o pai era desses que insistia em desaparecer. Achou, aquela grandiosíssima e aclamada figura que era a mãe de Serafina, um homem a quem deu o nome de pai. Era assim que nossa heroína ir-lo-ía chamá-lo dali por diante.
Se não ficou claro, após a indesejada e súbita gravidez posterior às festividades, fugiu aquela pobre mulher para a cidade citada há pouco, e aos poucos vai se desenhando quem é a heroína que vos conto.
Em 2006, aos 10 anos, participa de um concurso de beleza. Sua mãe a vislumbra como o ícone da lindeza e fineze, a adorna bela e, sem saber de Adorno, vai à grande mídia divulgá-la. Ah! a fama de uma infante! Sem voz, com o perdão da redundância, a pequena brilhava estupenda. Oh! quanta glória! Que beldade. Bela idade.
Em 2011, aos 15 anos, era a garota propaganda dos sonhos. E se cuidava tanto, Serafina, que mudou de nome para não ter nome desqualificante de sua imagem bela, e se chamara Jabuticaba, fruta doce de se esbaldar, que fazia pessoas passarem horas embaixo de seus galhos catando uma por uma grudadas no tronco para se deliciarem.
Hoje, aniversário de Mulher Jabuticaba, que se acaba em suas estonteantes curvas em seus shows onde canta seus sucessos. A mãe orgulhosa, se sente bem representada: aquela bunda ainda traria de volta toda a grandeza de sua família. Aproveitar da peste garante sustento. A cultura da bunda mostrara, nessa belíssima moça, o quão deveria ser respeitada. Mulher doce, que canta sensualmente, que se diverte. Do nordeste a Budapeste. Para as rádios, para o mundo. Qual é a história futura? Glória. A beatificação do corpo. A santidade do rebolado. A era da arte sacra das beldades e seus lindos corpos. O culto divino do que é sexual. Isso tudo é lindo como as sagradas escrituras.
Naquela tarde ensolarada, da face de sua mãe escorriam gotas de lágrimas ao ouvir a última parte da música cantada por Serafina. Era angelical.
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