segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sobre arte

Pois hoje, ao ouvir a canção algumas vezes
Tive a sensação estranha de estar sendo levado
Espectador levado que se arrisca a ser ator
Um jovem fã que resolve ser coadjuvante
A um novo patamar de arte, arquitetada por outras mentes
Construída pela mente minha, inspecionada somente por mim
Ouvi a canção e resolvi participar da criação
Resolvi ser Chico, Drummond, Pessoa, ser humano diferente
Aquele que previamente sabido, vivido, emocionalmente (em textos) evoluído
Sabe juntar palavras e fazer da poesia a canção e da canção mito
Ao ouvir a música e ouvir as palavras que me tocavam
Peguei a caneta e escrevi uma obra perfeita

Ao começar ler a obra, que não é essa pois é perfeita
Já vi brotar uma lágrima nos olhos da leitora atenta e disse:
"Aguarde agora, não chore nesse instante
Distante estão os momentos do texto
Que realmente lhe serão emocionantes"
Comovente era desde o início, mas a leitora não tinha que chorar ali
Aguardasse o meu momento, meu clímax ora, era o materializador daquilo
Que nasceu, como já disse antes, de outras mentes unidas
Não sei se histórica, temporal ou hipoteticamente
Ela continuou lendo de forma interessada
Em alguns momentos com atitude extressada
Mas via que suas pernas denunciavam seu desejo de correr
E ver o ser que há em ter a glória de ler
Meio que sobrenatural, quase que supremo
Solidamente divino, estruturalmente espiritual
Subjetivo demais, um ser que nasce a cada nova palavra
Deus da ficcionalidade, da falsa verdade verossimilhante
E finalmente, chorou na hora certa. Bem quando chorei escrevendo.

A obra depois foi queimada, pois pensei ser plágio
Tinha uma frase de cada coisa que me havia emocionado
E de alguma forma, fui como antes dito levado
A fingir que era o que na verdade não seria
E sentir na pele o que era emocionar alguém com algo que se escreve

(Só não havia entendido porque diabos
Ela havia chorado no momento errado)

Ah! Mas que felicidade senti no dia que resolvi escrever um texto meu
E após terminar de ler e chorar em ora qualquer
Notei o real prazer que se tinha em fazer arte
Ouvi a mesma canção
Subi no mesmo palco
Gritei palavras soltas
Corri desnorteado
Cai em meio a aplausos
Em meio ao povo clamante
Pedindo a quem quer que fosse
Um pouco de arte de verdade
A minha era de verdade
E o povo podia sentir
A minha não tinha anseio
Mercadolologicamente correto
A não ser na obra copiada

A minha métrica é ser verdadeiro a mim
Que me estudem e me expliquem depois do jeito que lhes importar
Pois escrevo de fato meus fatos pela simples necessidade de precisar.
As pessoas aplaudiram
Sorriram atentamente
O jovem amante de arte
Que foi pra cima do palco e tocou... alguém.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Palhaçadas

A Lágrima do palhaço é a maior contradição humana
Não sei isso já foi dito, e se já não me processem
Só concordo plenamente com o raciocínio
De um lado a criança simbolizada na alegria
Do outro um adulto encarnando o personagem
O verdadeiro palhaço vive, todo dia, tal contradição
E não há formas para se negar a dificuldade
De sorrir colorido cobrindo o cinza do real
O cinza das coberturas cinzentas e das casas
Ou até mesmo a fumaça cinza, produzida pelo homem normal
O palhaço pinta a cara e se esconde
Da humanidade que o condena
A ser o eterno e bagunçado
Bagunceiro mal encarado,
(do nosso mundo)
o homem

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Trocadilho

Se a dor doer, ama que Sara!

rsrs...

O que merece um texto?

Quais são os acontecimentos que merecem um texto?
Como tenho postado com frequência, ora ou outra pessoas dizem que coisas merecem textos. Daí resolvi escrever sobre isso.
Outro dia escrevi sobre um risco no céu. Também já escrevi sobre dias ruins. Já falei sobre sofrimento, medos (isso sempre!), momentos importantes, coisas sem sentido. Em análise, pude concluir que quase tudo em nossa volta merece um texto. Porém, há sempre um porém. Tem coisa que escrevi para descarregar minha tensões. Coisas que precisava materializar em meu blog, em um caderno. Precisava, portanto, tirar de mim. Essas coisas talvez não merecessem um texto. Precisavam deixar de me atazanar.
Existiram outras que precisavam ser escritas para dizer algo a alguém. Uma carta que não chega ao destinatário, que o medo faz você guardar pra sempre. Esses textos as vezes eram postados, mas nem sempre eram lidos por quem deveria ler. Ou seja, faziam de forma perfeita seu papel. Mas há coisas que merecem ser eternizadas. Em conversa com uma amiga, disse a ela que deveria escrever coisas mais alegres. Ela me disse que não conseguia, por uma questão quase de estilo. E na verdade, quando se fala em escrever, quase sempre entramos em aspectos sentimentais e coisas do tipo. Logo, não conseguimos falar de coisas boas, até porque, como disse um outro amigo "não perco tempo escrevendo coisas boas, pois prefiro vivê-las". Faz muito sentido.
Mas eu prefiro escrever sim. Quando escrevo sobre alguma coisa boa, algo que realmente merece um texto, lá não fica marcado somente um ocorrido, um fato. Lembro do que senti, como senti. Lembro inclusive de como estava no dia que escrevi.
Alguns meses merecem textos. Algumas amizades merecem também. Amores, família, coisas diversas. Nesses momentos esqueço de escrever como um profissional, para descrever minha vida (e no meu blog posso, o que talvez em meu livro ou crônica não poderei), pra depois me lembrar de como foi bom.
Agora por exemplo, comecei a namorar uma mulher maravilhosa. Isso merece um texto. Mas preferi dizer assim, pra você notar o quanto isso realmente mereceria um texto. Tanto que está aqui. Minha vida merece um texto, assim como tudo que acontece comigo. Depois, vira história.