Hoje, ao arrumar as malas, fui notando o quanto estava crescendo. Aos 26 anos de idade, saindo da casa que foi meu lar durante 3 anos e meio. Os melhores da minha vida... os melhores. A gente aprende muito quando mora em uma República Estudantil. Era um sonho. E em que verdade esplêndida ele se transformou. Lá estavam sempre outros 12 estudantes, num rodízio incrível de gente boa. Cada um de um canto do país, gente de outros países. Pessoas com sonhos e desejos, uns meio perdidos, outros certos de mais no que estavam fazendo, focados, desleixados. Seres que vão marcando a gente, construindo nosso caráter. Foram anos impressionantes. Se hoje deixo a casa, é por que sinto que preciso de um novo desafio. Mas estarei tão perto.
Difícil entender como que as coisas ficam cada vez mais claras quanto mais longe delas vamos ficando. E hoje ao arrumar as malas, vi o que estava deixando pra trás. Peguei meus livros na estante que nunca li, notei que precisava lê-los. Peguei a minha estante velha e vi quanto pó tinha embaixo dela. Juntei a minha roupa e vi quanta roupa eu tinha a mais do que 3 anos antes. Sentei na cama e lembrei de quanta gente eu passei a ter na minha família.
Na mala não cabem muitas coisas. Daí um caminhão passará pra buscar as coisas maiores. Quem sabe lá leve as coisas boas que foram construídas. Do menino perdido de 23 anos, sem muito rumo, buscando novas aventuras. Daquele cara estranho que não sabia conviver muito bem, meio cinza que gostava de conversar. As minhas coisas estão mais novas. As minhas virtudes andaram crescendo tanto nos últimos anos. Fui me tornando um homem. Foi a experiência que me fez entender como era viver sozinho, longe da mãe. Mas lá estavam eles. Caras perdidos como eu, buscando seus sonhos.
A cerveja gelada. A churrasqueira em um carrinho velho de supermercado. As noites mal dormidas. ah, quanta saudade... Parece que ainda vou voltar. Isso não sai da minha história. Isso faz parte da minha vida. Dilemas. Mas o que fazer? Por que fazer?
Daí é que se achegam e te dizem: vai cara! Vai ser grande! Vai ser feliz!
Tá aí. Daí notei o quanto amo a mulher que escolhi. O quanto sinto falta da minha família, mãe, irmãs, sobrinha. Pai.
A estrada foi se mostrando mais clara e mais verdadeira. Vi o quanto tenho feito boas escolhas.
Daí ainda dizem: cara, você nunca deixará de ser um morador! Você, para sempre, fará parte da história da República Etanóis.
Sim meus caros. Eu sempre serei parte disso. Sempre.
Amo esse lugar, amo essas pessoas. Continuem a história. Se tornem exemplos de seres humanos. Para seus filhos, para seus pais, para seus amigos, para nossos bixos.
Ensinem a força que aqueles jovens carecas tem. Ensinem que aqui é o melhor lugar do mundo para ser um grande homem.
Continuem esse lar. Lavem a louça, tirem o lixo e organizem as festas que fazem todo mundo ficar tão bem.
Deem bronca nos que estiverem tocando a zona e esquecendo o foco, mas façam o mesmo com os que se esquecem que tem que se divertir e fazer parte da casa.
Mostrem o que é ser Etanóis. Acho que ajudei e fiz minha parte. Tinha prometido aos antigos moradores. Agora peço a vocês: Sigam tornando essa casa grandiosa!
É nóis, Etanóis.