domingo, 15 de agosto de 2010

Insônia

Insônia insolente. Rolando de um lado pra outro garganta apertada. Insensível desalmada. O cansaço existe e persiste e desiste. Invisível cretina. Me pega e sacode e balança meu dedo veloz no controle remoto. Desrespeitosa salafrária. Sonoleima-me e me engana e sacaneia-me e me frusta e saboteia minha trama de deitar em minha cama confortável e adormecer. Perpétuo infortúnio. Não tem livro arcaico e nem filme chato e nem música lenta e nem programa de rádio e nem cigarro e nem remédio e nem porra nenhuma. Penitência arraigada. Daí caminha e bate papo se sozinho mais se fode não tem vírgula nos pensamentos não tem pausa ou intervalo ou qualquer coisa que te faça respirar tranquilamente. Compulsiva periperte. Pescadora de gente ansiosa e ociosa ou simplesmente odiosa em algum momento de descontrole no pensamento e pode ser ensandecente não dormir se lá ficar sem desistir. Despresível atordoante. Liga-se a luz e a televisão continua ligada e o livro continua aberto e a internet continua conectada e a sua mente continua veloz e seu corpo se mantêm calmo se teu corpo não se horizontaliza e isso são vestígios de infância que é coisa de criança não querer dormir mesmo sem se aguentar. Silogismo ilógico. Do nada param os pensamentos e voltam a ficar mais curtos e você nem percebe. Alguma ideia cobre outra que acaba fazendo você não pensar na primeira. Do nada o corpo se acalma e os bocejos voltam. Cada parte tensa se alonga. O corpo repuxa. E você acorda na manhã seguinte, televisão ligada em um canal que você odeia, sentindo um que de noite mal dormida, se achando um demente. Insônia insolente.